quarta-feira, 27 de junho de 2007

- Le Grand Hotel Beaumont -



(Sob o crepúsculo)

No terraço do Grand Hotel Beaumont, permaneceram todo um dia a discutir as estratégias da guerrilha ao som das multidões inundando as esquinas e calçadas a gritar o nome de Carleto Gaspar.


General Porquinho Macedo, segundo homem na hierarquia Carletista tentava, irredutível, convencer os oficiais a levar a guerra até Caravelas, ao sul de Prado; ele afirmava que sem uma forte resistência nas terras ao sul, o império Carletista estaria permanentemente ameaçado pelas forças portuguesas. Caravelas era uma cidade à beira de um rio profundo e poderia ser facilmente defendida com a construção de uma extensa muralha de terra no seu lado sul.

Porquinho que dirigira todas as operações de Guerra nos Sertões, foi na opinião de alguns historiadores, o grande artífice da derrota dos carletistas. São insuficientes os registros históricos sobre este personagem, que se acredita tenha nascido na cidade portuguesa do Porto, no início do século XVIII.

Conhecedor das técnicas de combate dos indígenas foi apelidado de "mestre das emboscadas". À época da Conquista de Valença, teve grande sucesso em conter o invasor no perímetro da cidade, graças ao emprego das táticas de guerrilha indígena, praticando emboscadas, que voltaria a empregar anos mais tarde, em Pernambuco. Nessa época, alcançou a patente de Capitão, e após o cerco a Salvador ganhou o título de General.

Dois anos mais tarde, liderou uma força de 1.200 Baianos, armados com pistolas, mosquetes e flechas, numa emboscada em que derrotaram 2200 portugueses melhor equipados e treinados.

Capitão Pinheiro, o homem de confiança de Carleto, desprezava as palavras de Porquinho; mineiro nascido no Arraial do Tijuco, filho de escravos africanos, defendia a conquista dos sertões; ele acreditava que uma vez conquistadas as ricas jazidas de ouro e diamantes espalhadas pelos vastos sertões inexplorados, as nações estrangeiras venderiam seu apoio à causa carletista, e haveria receita para a compra de armas, navios, uniformes e suprimentos.

Segundo sua retórica, existiam dois caminhos paralelos que levariam à Glória e à Vitória: um grupo deveria ser destacado para subir o Rio das Virgens em busca de uma caminho para as Minas Gerais, e outro deveria atravessar o Atlântico e conquistar as desprotegidas reservas minerais de Angola.


Carleto parecia enfeitiçado pelos planos grandiosos de Pinheiro:


atravessar o Atlântico e tomar as minas de diamante em Angola..


Porquinho afirmava que querer conquistar um território na África era um grande delírio, mas Carleto era ousado, impulsivo e nutria sonhos de ser a reencarnação de Aníbal, o cartaginês. Findava a noite e o impasse permanecia.



(A vitória sobre os portugueses às margens do Rio das Virgens foi um momento decisivo na guerra, um triunfo para os Carletistas, que compensou o fracasso do ataque ao espírito santo.

Atraídos pelas promessas de glórias, riquezas e liberdade, milhares de camponeses, escravos e miseráveis migraram para o sul da Bahia, no intuito de se juntar às Forças Carletistas.

Os Arautos gritavam pelas estradas:

“Hoje quem diz Pátria

Diz Carleto!”)


e assim foi...




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Marechal Carleto Gaspar 1841

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