.
Em pleno uso da poesia,
sorrio pela manhã no mercado do peixe
as pedras funcionam mesmo que lá as deixe
Já cansadas das águas em seu comércio perpétuo
.
Não tive intenção de roubar esse rio
tampouco de pintar o oceano ou a casa arruinada
não queria, em palavras, anunciar a loucura da Barra
ou mostrar a eles que estávamos embriagados de um engradado de estrelas
rolávamos cambalhotas sob os muros do farol
.
Acende as fogueiras
ergue piras nas pontas das paisagens
deixa que o fogo sozinho precipita-se
nem um Buda descobre seu caminho sem insetos
segue pela madrugada branca atrás das belugas
que se escondem na folhagem
.
Metade do tempo enrugado como um couro
.
Só o mato que toma conta dos fundos da rodoviária
.
O cheiro de águas abertas descendo pelos abandonos
..
As portas que proíbem roupas leves
como uma estrada repleta de tanques
os pântanos repousam em suas prateleiras de riga
os institutos acolhem formigas e suas pesquisas e tendências
nas paradas de trem obsoletas já retornam os carros de boi
.
As cidades riem nas ruas até certo ponto
as pessoas de fora talvez não entendam a paisagem
os peixes talvez sonhem ser borboletas ou abelhas
e as pedras talvez invejem as cidades, invejem seus morcegos
.
E as ruas, até certa hora, escutam silêncios com a brandura
da terra abusada e extraordinária, nos pátios amanhecidos de chuva
.
O prazo de decifrar as horas e ladrilhos
e nesse verso celebro como uma grande praça
a decorar os mapas de todas as coisas
.