segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

IV

Vícios são caros

Quero escrever o poema da história humana

Vícios são caros e vazios

Cantar em versos os desvarios e desgraças

Vícios são tudo

O frio assassino das terras do ártico

A noite calada dos desertos de pedra

O acender um cigarro quando a polícia passa


Vivem na confusão que sou

todos os gladiadores, assaltantes e profetas

Meu bom-senso é um anfiteatro lotado

Cercado por ursos pardos da Sibéria


Como numa transformação

Empurro todos que estão a minha frente

E a escada monumental que leva ao alto das muralhas

é todo o tempo que me resta

Os homens que caem, agonizando nos ferros e estilhaços

Aguardam em desespero a salvação final

Mato todos que estão a minha frente

Os vícios são caros e perigosos


Incendiar palácios

Derrubar estátuas

profanar templos de deuses pagãos

A manhã seguinte ao saque se torna a mais cansativa

Derrubar paredes com marretas,

arrancar dos tetos as telhas de bronze,

executar, julgar, prender, soltar, cair

Vícios são Bons companheiros


Me toma de assalto uma espontaneidade Viking

Quero queimar, queimar, quebrar e furar

e nada de fundar dinastias, produzir herdeiros.


Almejo ser um rei Vândalo

Derrubando muralhas de cidades virgens ao saque

Conquistar Egitos em semanas sem sol

Ser aclamado libertador nas novas repúblicas

Agora, a partir de ontem

Me declaro homem-santo

Os vícios devoram os homens

E tudo que sobra em mim

é a guerra.

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Marechal Carleto Gaspar 1841

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