sexta-feira, 26 de junho de 2009

Berlin

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Oscar havia vendido tudo o que tinha, do ferro de passar roupa ao equipamento de som. Seu apartamento era um verdadeiro cortiço de drogados. O fedor me subia a garganta desde a entrada da sala. O tapete fedia de maneira pavorosa.
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Ele enchia de água a seringa suja de sangue e esguichava no chão. Era o cheiro de sangue misturado com cerveja velha e ressecada. Até as cortinas estavam amareladas e cheirando a gordura.
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Oscar, com seu coração de ouro, acabava sempre encontrando gente completamente dura e em crise. Então lhes vendia fiado e eles, é claro, nunca pagavam. Uma parte da heroína foi embora assim e a outra nós mesmos consumimos.
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O paquistanês que passou a heroína a Oscar ficou furioso, mas se contentou em lhe fazer algumas ameaças aos gritos. Sem dúvida, só queria testar a capacidade de Oscar. O teste foi perfeitamente claro: ele não servia.
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2 comentários:

Cosmunicando disse...

você tem essa capacidade de descrever uma cena cinematograficamente... dá quase pra sentir o cheiro.

saudações cosmológicas =)
beijos

p. disse...

implosão de absolut com energético mais pepitas !!

Marechal Carleto Gaspar 1841

Marechal Carleto Gaspar 1841