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Acompanhamento das vozes
e chocalhos feitos da cabaça verde
do cascalho-caingá e o corifeu
enchendo de pancadas secas o silêncio
modulando em crescendos e
decrescendos os dançarinos cegos
em alternâncias de vibrantes cantos
de língua baixa de articulações pesadas
de velha viúva sustentada em graves
horas a fio sobre o luto de cinco maridos
e do tempo feliz em que jamais lhe faltavam
a mandioca o milho a caça e o peixe
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sábado, 31 de maio de 2008
Quarteto Bororo
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Canção dos Brutos (XVIII)
Que faremos jamais?
Caso chova lá em casa às cinco
aos olhos de um horizonte arrasado?
que sendas de azul violáceo,
que único mar no castelo da senda ao lago frio?
que o jovem continuou correndo
mesmo enquanto o barbeiro corria atrás dele
e leve era o peso, era diverso,
Leve, talvez, girar, na porta uma vez
a chave na qual pensamos, cada qual na sua
deitados sobre telhas
Que água fosse
E água uma nascente
Uma poça entre as rochas
Se ao menos aqui se ouvisse um sussurro de água
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Dinastias
Se anestesiados não estamos vivendo e é só fechar o corpo ou entorpecer-se, se afeto é força vazia de significado e nós como os avós cobríssemos de linhas as paredes, se com o tempo fôssemos com essa boca enorme pelos caminhos que levam ao fim e o professor, os vizinhos, o pastel e se os mapas do mundo ainda guardassem as crendices e o cabo das tormentas fosse a boa esperança, se ciência fosse a viagem, e metodologia, a estrada, se a linguagem como esporte das cavernas e a história marcada na carne como dinastias, se cada objeto, cada frase ou enunciado, se a vida como milagre, noturno pátio sem silêncio, se o sol é grande o fogo breve, se na lapa um beco onde demoliram a casa, de lá e de cá só desamparo
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domingo, 25 de maio de 2008
O Homem
Desde o escudeiro combativo das terras áridas da ibéria até a garçonete esnobe de um pub em Newcastle desde o homem das fendas, das grutas o homem dos balões dos mares o homem da península da roça da cidadela das armaduras de couro e gibão desde o homem das belas damas de copas nas mangas das serras inatas bárbaro dos lajedos nômade rubro-amarelo
Padres e imperadores santos e carrascos estupradores e eunucos: cirurgião-barbeiro-paladino mestre dos clarins irmão dos clãs na noite boreal escravo mouro das lendas de cavalaria reles recruta no mar do mundo novo lírico como um homem talhado nos cedros da armênia lira para as bestas no inferno o mendigo podre a se masturbar na porta do teatro o estadista heróico a empreender suas grandes marchas de lamentos o vaqueiro manco sem lanternas lanceiro pesado raquítico & vaidoso buda em ascensão sob a figueira viciado em pico e chantagem
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A roupa que vestimos em vida é apenas um desses mesmos disfarces que se repetem pelos séculos dos séculos; maquiagens dos nossos pobres caracteres designados desde antes; somos escravos desta mesma encenação, marionetes ingratas que desfilam nos palcos como entidades automáticas
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O que acontece:
Chegando à vida senti saudades do passado épico que me precedia; não haverem mais terras a serem descobertas, não haverem mais grandes tesouros para serem revelados, grandes manadas a atravessar as pradarias, não ser mais o mundo tão aventuresco e obscuro como outrora (a foz dos rios repletas de hipopótamos), e como encarnar em vida, hoje, um corajoso personagem épico, cruzar fronteiras ao sabor do destino, entregar-se irresponsavelmente aos caprichos da nômade senda?
E é aí que entra a literatura com elemento de potencializarão matemática da experiência humana, é ela que torna possível ao homem dominar tempo e realidade, expressar as cartografias de seu imaginário, através do jogo de criação viver a alteridade, o impossível, o improbable, escrever é brincar de divindade mesmo quando arrefecido por uma ansiedade elétrica no quarto do apartamento
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segunda-feira, 19 de maio de 2008
O vale
seus frutos na pradaria, me surgiu claramente
a oportunidade perfeita de ferver a água
(eram versos que soavam descendo
afora as espingardas e assim
terminavam as velhas
safras do
barão)
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domingo, 18 de maio de 2008
Stio
Eu nunca quis pouco
mesmo que na passagem
dos desertos, sob a insolação
das grandes marchas mesmo
quando um filho das carroças
Nunca com a aventura histérica dos rebanhos
com o êxito dos seres em manadas nunca esse
elixir do gosto, o pasto, essas modas de alento gasto
Sim, à ânsia nova, nova e guiada por uma solução das roças
na pródiga cabana enfim apesar do tempo assim são as horas de
stio
segunda-feira, 12 de maio de 2008
Novíssima História Provisória (parte V)
III
843: império franco: divisão entre os três netos de carlos magno: os soberanos da grande
VIII
Quando os daneses na pilhagem da inglaterra, ainda na exploração do curso inferior dos rios na rússia e também no saque das terras ao redor de bari, quando oleg, o grande, príncipe de novgorod através do lançamento de expedições de pirataria contra os varegues e os moradores da laguna em veneza, quando os hunos brancos e a descoberta de matilhas nas canárias, quando os coloniais sobre a última borda do mar de areia por Magnus Barfod, quando na caça às morsas na ilha de Baffin
XIV
Em 1014 o conde das órcadas no fracasso da tentativa de ataque a dublin e o reino armênio de vaspurakan, anexo dos bizantinos que com assinaturas com reinos normandos da grã-bretanha e o sultanato seljúcida mais as obras completas do Ésquilo no volga junto aos principados de smolensk sobre cápua-benevento conquanto os gaznávidas em recuo no afeganistão, os mesmos selêucidas pela gradativa conquista do irã e crescente, em bagdá,
XVI
Guilherme, chamado de o "bastardo", após a morte de canuto & guilherme, chamado de o "conquistador" depois da morte de harold & guilherme, no dia da coroação na torre, registro da aquisição da borgonha & guilherme, a catástrofe de manzikert, captura de toledo, camas da ultima versão antiga da fábula de esopo "as rãs que vontade de ser reis"
XVII
Na boêmia a essa altura com relutância os despachos de: "nicéia. sob os cruzados" e raimundo de toulouse e as tropas de boemundo carlomano na travessia das pontes de antioquia após dezoito meses ; se: atuação em conjunto ou seja os emires de mossul mais aleppo e damasco = esmagamento dos francos: que a abertura dos portões de jerusalém para os fatimídas como o desejo do imperador espanha de almorávidas sem convivência + perda de zaragoza para navarra & polônia em desintegração no báltico cruzada do norte de um segundo impulso & arenque tecidos de cobre com altos padrões em destaque & prata i
XIX
Alume, nishapur, alume! Alume, isfahan, salônica! Ele, carlos de anjou, do canato da horda dourada de frederico ii de hofenstaufen o primeiro, do piemonte em luta, senhor da itália rei de corfu da provença dos contrafortes da albânia o alexandre nevski alinhado aos mongóis nas ilhas baleares com um reino separado às vésperas sicilianas e carlos em graves apuros os noruegueses e a submissão dos islandeses em 1248 no mar cáspio dos povos khazares (se a questão dos três missionários) e o fim da religião ancestral dos templos, onde as pessoas, em trocas de ser com outras pessoas: "a partir de hoje e por uma semana eu você e você eu" e a troca em absoluto
XX
Ele, o flandres, excedente de mão-de-obra rural, ele o algodão e o açúcar as peles os centeios, mas ricardo iii que não aberto aos credores, ele os bardi os peruzzi (1343), que na ruína pela inadimplência do monarca, ele em hansa o constante superávit comercial de florins e genovinos: peso: ambos,
XXII
Os francos em maus lencóis em poitiers o canato uzbeque a sério nas provocações do emir de karaman e carlos, o temerário, a vida ao canto libertas, a guarnição que com base em nancy, luiz xi, a vontade luiz xi, o matrimônio, luiz xi, o êxito, rei da princesa dos habsburgo, luiz xi, cinco os cardeais em recuo para avignon e então: papel para aos árabes através de samarcanda, os relógios de lugar na sala das estalagens; as bestas do século ii a.c. chinesas fábricas em aço na bavária; a imprecisão com blocos de madeira de johannes e a gana do marfim nos capitães-do-mato e bojadores, além da barra sul do loire de akan au guiné
XXIV
Tarim selênico de york, visby de nortúmbria, calábria selênica de gobi, holstein kola, said carlos iii, o simples, si, savóia, tashkent sri, a resposta. Ural esteps, cumprimento de rhodes, o tirol. Sahel, sri lanka, sahel, zanzibar neva, taurus. turingia niebla, nínive. Cosroes, cômodo a alarico? jutos, odoacro?
Domus haxix, a creta hagia de delhi & gibbon!
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Por Muhammad Ibn Ishaq
Se a mãe largou o
marido para trás
se Dario atacou todas
as regiões da terra
se o discípulo se
recusa a atender
o telefone
se barbitúricos
se flautistas
se o excesso
de trabalho
Desculpem.
São os índios que
usam o vento como
baquetas
são os anjos que
fabricam os isqueiros
são os peixes que
carregam no lombo
a espinha.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Caetano + Gullar
"Por que,
não sei dizer
Saiba
Diga você"
A obra faísca de galáxias abertas
de olhos faiscantes de hélio e hidro
gênio, de homens que roubam metais
nas estradas, caçando bichos e senti
nelas sonhando desde as entranhas
como reis que não tem fim. Eu falo
não calo, deixo estar triste como um
bicho triste, deixo luzir nas estradas
como rochedos brancos, sair em -------- locomotivas\\
pelos séculos, nas mãos o coração de
menino, sem voar, fibras tensas,
a assistir a guerras e festas
imensas
Marechal Carleto Gaspar 1841
