Evidentemente este texto é excelente: fui eu que escrevi.
A história começa em um edifício moderno, coberto de pichações e escadas de emergência. Vivo num quarto escuro nos fundos da garagem. Tenho um duende desenhado nas costas. Meu quarto é praticamente todo ocupado por uma grande cama estilo império.
O resto do espaço é ocupado pela estante onde estão reunidas minhas cruzes, medalhas, terços, escapulários, candelabros, altares, crucifixos de porcelana e o pote de haxixe. Sei esculpir, tecer, trançar, bordar, coser, moldar, apertar, colorir, envernizar, cortar, montar e até reconstituir. Apesar de meus inumeráveis talentos, não sou um homem de negócios.
Durante anos fui contramestre na marinha mercante; trabalhava no setor de exportação de pulôveres de bolinha. Quando saíram de moda segui para o ramo do barbante: tornei-me o maior fabricante do continente. Quando o nylon surgiu no mercado, perdi a fábrica, a casa e a esposa. Me recusava a trabalhar com nylon.
Com a falência me vi obrigado a migrar para o ramo das artes e fundei um grupo especializado em cançonetas patrióticas que tiveram um êxito incontestável, mas que durou poucas semanas. Em seguida resolvi renunciar à carreira artística, mas não querendo fugir do mundo dos espetáculos, tornei-me empresário de um célebre acrobata. Percebi que começava a envelhecer quando, depois de passar uma noite fora, precisei passar dois dias em casa.
2 comentários:
em busca da excelência...
Maravilhoso isso, mesmo.
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