segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

V

Onde está o mundo das preces sinceras na província??

Onde fica essa realidade das eras geológicas??

Que fazer de um corpo que é um só?

Sou uma pedra portuguesa jogada na sarjeta

E saúdo a Deus o grande absurdo do mundo

Vivo um profeta Sumério

E escrevo em versos o futuro


Por onde quer que eu atravesse

Estamos sempre procurando abrigo.

Rio de Janeiro começa tudo de novo

“A vida é uma grande feira

E tudo são barracas e saltimbancos

Todos os lugares são o mesmo lugar

Todas as terras são as mesmas

Toda manhã que raia,

Raia sempre no mesmo lugar

Chove muito, chove excessivamente...

Chove

E de vez em quando faz um vento frio...

Estou triste, muito triste,

Triste como se o dia fosse eu”

A.C. 10/12

Subitamente uma febre me toma

lamento não ter estudado mais no passado

Hoje, quero ser puro como um monge tibetano

Levar minhas letras aos cedros do líbano

às palafitas de Belém

Ensinar a mitologia aos povos


Riachuelo, Maracanã

Mudando de estação no Estácio

A milícia embaixo do colchão faz vigília

Legionário, Hoplita, Hussardo

Sou o negro João Cândido a bombardear essa porra de cidade maravilhosa


a trair a cidade eterna

Era eu, abrindo as portas

Era eu


Pichei muros a vida inteira

E isso nunca foi sem razão

Mas por que faço não sei

Sinto as pernas cansadas

Já não canto e danço como outrora


Na linha vermelha

Atravessando o caju

A guerra é real pra toda mãe

De pixinguinha e Villa-Lobos ao Pagode com churrasco na Vila

“Skol 1 real!!!!”

E assim é a vida

Arregaçar as mangas

E cavar, cavar e cavar

Até encontrar o ouro no fundo


Luz e trevas nos charcos de Jequié

O trem apita em Corumbá madruga

Maré cheia em Mangue Seco venta

A chuva desaba e tudo é água em Sorocaba


Sem-Terras Invadem a fazenda do Senador no Alagoas

Piratas, movidos a ópio, manobram 30º para oeste

Franceses abrem fogo contra a vila de Santos

No forte distante, do Morro de São Paulo,

O vigia dorme.


São corvetas, escunas, saveiros,

São traineiras, lanchas, galeras

Amanhã,

Devo vender a casa

Doar os móveis

Ir pra algum lugar longe na Serra

Quem me dera, fossem todos os rios o Madeira

Fossem todas as baías ignoradas

Fossem todas as coisas areia


Oro pelos que migram

Pelos que vivem da terra

Rezo pelos quartos amarelos,

pelos papéis de parede

Pelos que me fascinam


Penso em ti no silêncio

E será o dia:

Você sorrindo à minha alma

Por fim

Abandono devaneios

Romantismos

Mato todos em volta

Conquistamos a muralha nesse meio tempo

Com um sorriso maligno

Levanto o estandarte da vitória

e sou atingido por flechas mortais


Morro pra dizer o que é renascer

Esse é o sistema do Universo

Subo as Agulhas Negras

E espero ser chamado de volta


Penso nos otomanos e em todos os povos das estepes

Nas pedras imensas da arquitetura Inca

Nas línguas esquecidas pelas ilhas do Pacífico

Nas epidemias, pestes e massacres

A conquista da Índia

As guerrilhas no Hindu Kush

As agressões no Moçambique português

Me enjoa esse cigarro de menta

Mas é a droga que eu disponho

Na ficção moram todos os meus êxitos

Amo samba jazz e música cubana

Velas, óleo de cozinha, gasolina e óleo dois tempos,

minha lista de compras...







Um comentário:

L-ix-ERo disse...

Lindo demais...
sentimento muito forte, denso e positivo.
parabéns meu irmão. me sinto parte, me vejo pedaço do prato de comida , vulgo esse artigo 5 sem nome ( aliás, prato de comida tá legal ).
não deixe duvida alguma te tirar desse caminho, não se abale a crítica nenhuma, a menosprezo algum... tu sabe bem disso... e se encontrar barreiras lembre-se daquele dia na prainha em cima da pedra, que assistimos a palestra regida pela mãe mar, nos ensinando o que fazer qd algo está na nossa frente. não pare, não perca seu tempo. avance da maneira q der pra avançar, mas avance, pq teu ritmo vc q conquistou, sua geração de vida é tua, particular... não aborte nenhum vetor, não abandone tuas verdades, porque elas sim são construção de homem digno, não são passatempos de beira de praia construindo belos e atraentes castelos de areia. Disciplina carleto, to aqui pra te segurar se tu se desequilibrar, não importa a direção, o lado ou o local. sempre fiel, sempre junto, pq se não fosse tu pra mim eu não seria eu, e vice e versa... por isso o tenente coronel pinheiro nunca se incomodou em ver o império com o nome de seu comparsa, sempre respeitou, obedeceu e confiou as ordens e as projeções de seu amigo Marechal Carleto...

Marechal Carleto Gaspar 1841

Marechal Carleto Gaspar 1841